Da humanidade (ou falta dela)

Há uma semana, estava a chegar ao Colombo quando um carro se despistou à minha frente. Havia apenas um carro de intervalo entre nós pelo que assisti a tudo e fiquei com o coração na mão quando vi o carro enfaixar-se no muro que divide duas vias e ameaçar capotar-se. Parei o carro, bem como a pessoa que ia à minha frente e saímos para prestar assistência.

Felizmente, vimos a condutora sair do carro pelo próprio pé. Ela, uma senhora de 71 anos, estava abalada, com algumas dores no peito que supostamente vinham do embate do airbag e do cinto de segurança. Insistimos que se mantivesse sentada e quieta porque podia ter alguma lesão interna. Chamámos a assistência à viagem para rebocar o carro (o que restou dele...), o 112 para que a conduzissem ao hospital e para que pudessem verificar o estado da via (havia peças espalhadas por todo o lado, óleo derramado...) e um familiar amigo.

Tratámos de pôr o triângulo, nós tínhamos os quatro piscas e o despiste era visível em todas as vias (tanto na que nós estávamos a cortar como nas outras duas que estavam praticamente desimpedidas). Impressionante foi perceber que as pessoas, perante aquele cenário, em que tinham de parar e optar por outro caminho porque a via estava trancada por nós, não deixavam de ficar ali a apitar furiosamente porque estávamos a incomodar as suas vidinhas. Tão triste esta falta de humanidade e de solidariedade. Ninguém sabe o que lhe está guardado e um dia pode ser qualquer um de nós. Claro que assim que nos certificámos que a senhora estava bem e que fomos encostar melhor o carro para permitir que outros passassem, a pressa desapareceu porque todos os condutores passavam a 10km/hora só para olharem bem para o acidente. Que coisa triste!