26 novembro 2015

Uma decisão difícil


Sou uma afortunada que ainda tem duas avós e um avô. Sou doida pelos meus avós maternos com quem tenho uma relação muito próxima embora nos vejamos apenas de mês a mês ou até com maior espaçamento. Pelo contrário, sempre tive uma relação de grande distanciamento com a minha avó paterna, ainda que há três anos ela passe mês sim mês não em nossa casa. Mesmo vivendo com a esta minha avó seis meses por ano, não consegui aproximar-me dela nem metade do que tenho com os meus outros avós.

À medida que os meses foram passando, fomos notando que ela estava cada vez mais debilitada. Tem menos mobilidade, menos autonomia... hoje em dia precisa de ajuda em quase tudo: para se sentar, para se levantar, para tomar banho, para se vestir... e infelizmente a nossa disponibilidade para tomar conta dela não é a full time, quanto mais não seja porque trabalhamos e a ginástica para nos revezarmos vai sendo cada vez mais difícil.

E chegámos a um ponto em que tanto nós como o outro lado da família (com quem ela fica nos outros meses) já não nos sentimos em condições de cuidar dela com todos os cuidados que ela requer. A opção foi pô-la num lar. Já lhe contámos e ela não reagiu mal mas, verdade seja dita, também não reagiu bem. Como que se fechou nela a matutar nesta decisão. Sinceramente acho que é mesmo a melhor alternativa porque ela vai ser bem tratada, terá sempre gente com ela, fará novos conhecimentos com pessoas com histórias para contar... mas não deixa de ser triste porque não me consigo abstrair da sensação de abandono.

15 comentários:

  1. A minha que está no hospital neste assunto é estupida que nem uma porta. Diz que prefere morrer do que sair da casa dela para um lar. -.-

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  2. Passou-se o mesmo cá em casa :(
    Ao ponto de a minha Mãe não se conseguir levantar um dia de manhã, com os esforços que fazia para cuidar da minha avó. Levámos a minha mãe ao hospital porque não conseguia sair da posição em que estava (um sobre-esforço na coluna, disseram os médicos). E desde esse dia, teve mesmo de ser :(
    Não podíamos cuidar da minha avó, eu também mal conseguia pegar nela para a ajudar, e ver a minha Mãe assim depois de semanas inteiras a cuidar da minha avó, foi quando percebemos que um lar seria inevitável :(
    Custou, mas teve de ser. Já nem a minha avó tinha condições, nem nós...
    Porém, a sensação de abandono, como dizes, continuou sempre aqui dentro :(
    Muita força para todos.

    um beijinho*
    Dreams and Lemonade

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  3. Não é fácil...e a família é sempre família...pena que muitas vezes não haja condições para cuidar deles no seio da família.

    Isabel Sá
    http://brilhos-da-moda.blogspot.pt

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  4. Felizmente não terei esse problema com os meus pais. Quer dizer...se as condições económicas do país não se degradarem muito mais. Virão para minha casa (sou filha única) e terei de arranjar alguém para tomar conta deles e eles pagarem. Tive a minha avó paterna num lar, e odiava ir lá vê-la, via o lar como um depósito de velhotes, mas muitas vezes não há outra solução, atento o estado de saúde das pessoas. Mas do lado da minha mãe temos a tradição de tomar conta, em casa dos mais velhos, Espero estar apta a seguir essa tradição.

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  5. As vezes é preciso tomar estas decisões, por mais difíceis que sejam. Certamente a sensação de abandono irá permanecer sempre, mas são coisas que acontecem.

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  6. Hoje em dia é difícil manter os velhotes em casa porque o casal trabalha. Antigamente a mulher ficava em casa e dava para cuidar deles, hoje em dia isso já não acontece e é uma sobrecarga brutal. E nem todos os lares são como aqueles que aparecem nos jornais, ainda existem uns com boas condições e bons profissionais. Procurem bem e escolham um perto de casa para a poderem visitar frequentemente, assim já não se sente tão abandonada.

    Beijinhos.

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  7. Os meus avós maternos estão na casa dos meus pais sendo que o meu avô está acamado à sete anos. É difícil, mas foi a nossa opção.
    Não acho que o lar seja abandono, acho melhor para todos que quando não há disponibilidade, pelas diversas razões, que o idoso seja colocado na situação mais benéfica para ele.
    Ter noção das limitações também é cuidar 😊

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  8. Tens de pensar que no lar vão ter todo o acompanhamento e cuidados que tanto necessitam! Uma nova etapa da vida com novos amigos! Podes os visitar sempre que quiseres! Beijinhos e força!
    http://cocojeans.blogspot.pt

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  9. R.Não é hábito mas hoje saí da cama a arrastar-me a implorar por mais uns minutos naqueles lençóis quentinhos :3

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  10. O meu pai e a minha tia também tiveram que por a minha avó num lar...

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  11. Com tempo ela irá habituar-se mas é normal que se sinta reticente... já te imaginaste a sair de junto dos teus com 70, 80, 90 anos para um mundo desconhecido, com pessoas desconhecidas porque os teus não tem a minima possibildiade de cuidar de ti? Por muito que ela entende é normal que custe

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  12. Digo-te uma coisa, é uma das situações que mais me incomodam e me deixam a pensar. E quando for os meus pais? E quando for eu? Eu simplesmente vou-me passar quando me mandarem para um lar :(

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  13. Não te sintas assim... É o melhor para ela...Lá terá acompanhamento 24 horas por dia, com todos os apoios necessários... E vocês poderão sempre ir visitá-la e continuar a dar-lhe mimos e carinho!

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  14. A minha bisavó foi para um lar, além de ter 8 filhos, todos reformados, em casa e com quase 200% de disponibilidade. Entregou-se ao desgosto, deixou de comer, de falar, de andar, e acabou por morrer numa cama, sozinha.
    Lamento estar a dizer as coisas desta forma, tão fria e direta, mas não gosto de lares, não acho que sejam realmente bem tratados, lembro-me de ir ver a minha bisavó e ela estar apática, pois passava o santo dia todo sentada numa cadeira, e às 18h já estava a jantar para ir dormir. Sempre que eu ou os meus pais a queríamos ir buscar para passar um dia connosco, os filhos faziam um drama e a certa altura deixaram de autorizar que ela saísse de lá. É triste e é de lamentar estas situações. Só espero que a tua avó goste e se adapte bem.

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  15. É triste. Ponto.
    A debilidade da idade é muito ingrata!!
    Acho que ia preferir não chegar a esse ponto. Até porque não terei ninguém para cuidar de mim, forçado ou não. E só de pensar em querer andar depressa, em querer correr e ter de arrastar-me ou nem isso conseguir, parece algo tão ingrato. Temo muito a imobilidade. Gostaria de chegar a velha sim, mas só se fosse daquelas enxutas. O que não me parece que vá ser o caso...

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