Acabar uma relação não é o fim do mundo

E pronto, agora deixava aqui este título e cada um que pensasse o que entendesse sobre o assunto. Podíamos todos refletir um bocadinho, recordar experiências passadas, concordar, discordar, reclamar que não é assim tão simples, que não se pode resumir um tema destes a uma “frasezeca” destas.

A grande maioria das relações começa com a expectativa que seja para a vida. O que é que nos levaria a investir numa relação se não fosse a convicção que a podemos fazer resultar? Claro que vai durar, desta é que é, acho que é diferente, é o amor da minha vida! Mas nem todas as relações são para toda a vida.

Às vezes percebe-se desde cedo, outras nem tanto.

Primeiro passa-se por uma fase em que tudo o que vemos é aquela paixão assoberbada que nos tolda o pensamento, em que tudo é flores, amores e beijos apaixonados. Não há problemas, não vale a pena discutir, às vezes nem é preciso falar muito porque não há tempo a perder! Mas não é sempre assim, e ainda bem! Vamos conhecendo-nos, partilhando opiniões, valores, posições perante determinados temas. Começamos a perceber o que nos une e o que nos separa. E se discordar sobre a melhor cor para os cortinados é completamente ultrapassável, discordar, por exemplo, sobre se se quer casar ou ter filhos já é outra conversa. O que quero dizer é que é preciso tempo para se ir conhecendo o nosso companheiro porque não há due diligences no início das relações! E quando há divergências estruturais na forma como se encara a vida e se vê o futuro, não é fácil fazer vingar a relação. A questão é que há pessoas que conseguem desvendar essas diferenças rapidamente e há outras que só se apercebem delas quando já estão profundamente mergulhadas na relação e no sentimento que as une.

Ou pode não ser nada disto. Pode-se esmorecer o sentimento, pode-se perceber que afinal construiu-se uma bela amizade, pode-se conhecer outra pessoa... às vezes o amor acaba.

E custa muito acabar uma relação, quer se esteja no lugar de quem quer terminar ou no que tem de aceitar o fim. É difícil quando é um fim civilizado e quando é um fim envolto em brigas. É difícil porque é aceitar o fim de algo que nos faz feliz. Mentira, algo que nos fez feliz.

Adia-se o momento. Se calhar ainda não me esforcei o suficiente. Se calhar tenho de dar mais uma hipótese, afinal de contas, todas as relações têm dificuldades. Estou a fracassar. E terei de contar a toda a gente. Vou voltar para casa dos meus pais. Será que toda a gente vai perceber que discutimos todos os dias? Serei capaz de voltar a apaixonar-me? E vou desperdiçar todos estes anos que investi neste relacionamento?

E, atenção, eu acho que se deve lutar pelas relações! Temos de ser capazes do compromisso e da tolerância. Temos de andar até meio do caminho. Temos de ceder às vezes e noutras ganhar. Deixamos de ter razão mesmo quando a temos, mas não sempre. Discute-se, conversa-se, resolve-se. Sobretudo, ama-se.

Mas quando nos sentimos infelizes a maior parte do tempo que estamos com a outra pessoa, se temos mais momentos de discussão do que de alegria, se discordamos em tudo, se não há espaço para o diálogo, se há medo... então se calhar está na hora de se ter coragem.

E vai custar. E vai doer. E ficamos sem pé, sem chão, sem mundo.

Mas há um dia em que acordamos e sorrimos novamente e o mundo sorri-nos de volta.

Tu mereces ser feliz. Mereces o melhor. E não deixes ninguém convencer-te que és menos do que a pessoa maravilhosa que és.

Afinal de contas, acabar uma relação não é o fim do mundo.